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domingo, 21 de julho de 2019

Saudade de tudo que não Vivi


Às vezes, ”saudade de tudo que não vivi” faz todo sentido.

Diversas vezes na vida, passamos por encruzilhadas e somos obrigados a escolher um só caminho a seguir. Nunca saberemos o que deixamos para trás, não vivido, naquela outra direção.

Viver olhando para trás é besteira, a vida é daqui pra frente. Mas, às vezes, paro pra pensar no que deixei ali... minha vontade de mudar o mundo... minha certeza de que conseguiria... minha paixão pelo desconhecido e por tudo que ele oferecia, meu destemor... aquela sensação de um longo caminho a ser percorrido e de que eu faria diferença durante o percurso... talvez tenha feito, menos do que pretendia... talvez sequer tenha sido notada.

Talvez sejamos todos formigas insignificantes, com delírios de grandeza. Talvez estejamos trancados no armário de “Homens de Preto” e jamais saberemos disso, enquanto algum Will Smith não abrir a porta por engano.

Talvez eu esteja na menopausa intelectual, encarando a infertilidade de frente e lamentando o que poderia ter produzido, enquanto aquela chama ainda estava acesa.

Não lamento as experiências que me trouxeram até onde estou, mas não posso negar que elas me mudaram de um jeito que eu não esperava... conquistei muito mais que uma vida medíocre poderia sonhar, mas me sinto mais medíocre que nunca, por ter abandonado aquela parte de mim... Quem sabe um dia, eu seja agraciada com uma nova encruzilhada, em que possa escolher de novo e de novo e de novo... enquanto não for tarde.

sábado, 15 de outubro de 2016

Eu e Descartes estamos unha e carne!!

Virar agnóstica foi um passo no meu amadurecimento. Hoje, DUVIDAR é a palavra chave da minha vida. Não faço por birra como alguns podem pensar, nem mesmo me impeço de ter algumas certezas, mas adotei pra mim o princípio científico da hipótese.

Acho que estou na fase em que Descartes estava quando escreveu “Meditações”. Ele se considerava suficientemente maduro para duvidar de todas as “verdades” que compunham as suas crenças. Mas, embora tenha contribuído de forma sem precedentes para a ciência, propondo MÉTODOS científicos para alcançar verdades, o livro é um pouco decepcionante nas “verdades” que ele alcança com o próprio método.

Por mais brilhante que tenha sido a elucidação do princípio da dúvida, penso que Descartes o fez, sem realmente duvidar de suas crenças arraigadas. Esse trecho mostra isso:

essas antigas e ordinárias opiniões ainda me voltam amiúde ao pensamento, dando-lhes a longa e familiar convivência que tiveram comigo o direito de ocupar meu espírito mau grado meu e de tornarem-se quase que senhoras de minha crença. E jamais perderei o costume de aquiescer a isso e de confiar nelas, enquanto as considerar como são efetivamente, ou seja, como duvidosas de alguma maneira, como acabamos de mostrar, e todavia muito prováveis, de sorte que se tem muito mais razão em acreditar nelas do que em negá-las. Eis por que penso que me utilizarei delas mais prudentemente se, tomando partido contrário, empregar todos os meus cuidados em enganar-me a mim mesmo, fingindo que todos esses pensamentos são falsos e imaginários” (ao colocar suas antigas crenças em dúvida, ele já pressupôs estar se enganando sobre sua falsidade)

Tenho a impressão que ele mesmo vislumbrou esta falha, mas não necessariamente a bloqueou no decorrer dos trabalhos:

assim como um escravo que gozava de uma liberdade imaginária, quando começa a suspeitar de que sua liberdade é apenas um sonho, teme ser despertado e conspira com essas ilusões agradáveis para ser mais longamente enganado, assim eu reincido insensivelmente por mim mesmo em minhas antigas opiniões e evito despertar dessa sonolência, de medo de que as vigílias laboriosas que se sucederiam à tranqüilidade de tal repouso, em vez de me propiciarem alguma luz ou alguma clareza no conhecimento da verdade, não fossem suficientes para esclarecer as trevas das dificuldades que acabam de ser agitadas.

A primeira dúvida e, consequentemente, a primeira certeza de Descartes é de que ele existe. Afinal, mesmo que tudo (inclusive ele mesmo) seja produto de uma farsa (interessante que ele inventa um espírito maligno para ser autor da farsa – claramente fruto do criacionismo nele arraigado), mesmo sendo produto da farsa, esse produto está pensando sobre isso e, portanto, existe.

Depois, ele passa a duvidar da existência da alma. Sentado na beira do fogo, derrete uma cera e percebe que ela muda completamente ao paladar, odor, olfato, visão, mas não nega que ela permanece.

Afirma que o sol existe de duas formas para ele. Primeiro como uma coisa pequena que ele visualiza e, segundo como uma coisa maior que a Terra, no saber da astronomia. Conclui que as duas ideias do sol não podem ser verdadeiras, sendo que a visão aparente é a menos semelhante à verdade. (enaltece a razão sobre a experimentação e começa a embasar a sua IDEIA de Deus)

Conclui que o nada não poderia produzir coisa alguma. Afirma que ainda que de uma ideia possa decorrer outra ideia, isso não pode se estender ao infinito, sendo necessário chegar a uma primeira ideia (não se deve perguntar de onde veio deus?).

Conclui que, sendo ele um ser finito, ao imaginar um ser infinito, só pode significar que essa ideia foi colocada nele por um ser infinito, afinal, sendo finito ele não conseguiria produzir a ideia de infinito sozinho. Diz mais ou menos: “como seria possível que eu pudesse reconhecer que sou imperfeito, se não tivesse em mim a ideia de um ser mais perfeito que eu”.

Talvez o lapso de sabedoria venha logo em seguida: “é possível também que todas as perfeições que eu atribuo a Deus estejam de algum modo em mim em potência...com efeito, já percebo que meu conhecimento aumenta e se aperfeiçoa pouco a pouco e nada vejo que o possa impedir de aumentar cada vez mais até o infinito.

Afirma, então, mais ou menos “por que a ideia que tenho de um ser mais perfeito que o meu deva necessariamente ter sido colocada em mim por um ser que seja de fato mais perfeito?

Então ele tenta imaginar de onde poderia ter vindo, sem ser de Deus. De si mesmo? Se fosse esse o caso, ele seria o próprio deus e não colocaria tantas dúvidas em sua própria mente.

Afirma que não sente nenhum poder em si mesmo de criar-se como já é, de sorte que depende de algum ser diferente dele para existir.

Continua refletindo que “não se pode fingir também que talvez, muitas causas juntas tenham concorrido em parte para me produzir...de sorte que todas essas perfeições se encontram na verdade em alguma parte do Universo, mas não se acham todas juntas e reunidas em uma só que seja Deus”.

MAS reverte falando que “a unidade” é uma das principais perfeições que concebe em Deus e,  essa ideia de todas as perfeições juntas  só pode ter sido colocada na sua mente por uma perfeição única. (o raciocínio bastante imperfeito faz jus à sua declarada imperfeição rs)

“Meditações” foi publicada em 1641, quando inexistiam as observações de Darwin sobre a evolução, pois somente em 1859 houve a publicação da primeira edição de “Origem das Espécies”.

Assim, Descartes não tinha muitas informações para refletir, além das próprias crenças que lhe foram passadas, vindas da bíblia. Hoje, embora tenhamos a evolução como uma verdade científica, temos mais liberdade intelectual para refletir sobre outras interferências na nossa existência (vide “Eram os Deuses Astronautas?” RS)


O fato é que Descartes contribuiu muito para o pensamento científico e, lendo seu livro me identifiquei demais com a fase em que ele estava vivendo, a deliciosa fase de duvidar de tudo e refazer conceitos... claro que espero  não cair na mesma armadilha que ele, ao simplesmente utilizar-se da dúvida para reafirmar as próprias crenças... rs

sábado, 24 de setembro de 2016

SEJA OPOSIÇÃO, MAS NÃO PERCA A DIGNIDADE




Oposição é indispensável. Ninguém sabe de tudo sozinho. Mas, pedir uma oposição coerente é pedir demais?

Nos últimos dias tenho sofrido todo tipo de desgosto com a esquerda, que se apressou em criticar (geralmente sem argumentos) as mudanças na educação propostas pelo governo. São memes distorcendo os fatos (como é praxe da esquerda) dizendo, por exemplo, que educação física e artes não estão mais na grade escolar.

Cheguei ao absurdo de ouvir o seguinte desargumento: “Horário integral? Como vão pagar os professores??” (contendo a risada) Ora, a esquerda queria uma “pátria educadora” e quando resolvemos investir em educação, para garantir o que eles não concretizaram, isso vira um problema??

Senhores, sejam oposição, mas não percam a dignidade.

Vamos analisar antes de criticar as mudanças propostas:

CARGA HORÁRIA – PERÍODO INTEGRAL

Acho que criticar o fato de brasileiros estudarem MAIS é tão medíocre, que não merece resposta. Passemos ao próximo tópico.

FILOSOFIA

Eu não tive filosofia na escola. Não sei se a grade era outra ou se burlaram o sistema, mas o fato é que, claramente, isso não atrapalhou minha ascensão social ou minha capacidade de raciocínio (talvez a esquerda diga que sim kkkk).  

A verdade é que a capacidade de pensar não se adquire apenas com uma disciplina escolar. Os alunos precisam desenvolver o gosto pela leitura, de todo tipo, o gosto pelo conhecimento. Isso se consegue com o aluno que frequenta o ambiente escolar, a biblioteca da escola, as rodas de conversa (inclusive com os professores, fora de aula, informalmente). Isso só se consegue com alunos que sintam prazer em estar na escola, ao invés de fugir dela porque são obrigados a “aprender a pensar”, quando na realidade, só se aprende a pensar, pensando. Entendeu? E eu nem tive filosofia, hein...

Como eu amava minha escola. Sem racionalizar sobre isso, eu sabia que ali era um local bom para estar. Um local onde eu criava teorias com meus amigos (desde a formação do universo até o andar esquisito da formiga no chão); um local em que eu podia fugir pra biblioteca de vez em quando e contar com a discrição da bibliotecária, que me deixava matar uma aula (geralmente de sociologia) só pra ler minha série “Vagalume” favorita; um local em que os professores conversavam com os alunos de “igual pra igual” no intervalo, incitando suas mentes a se tornarem brilhantes. Esse lugar mágico só passa a existir quando o aluno tem prazer de estar ali. E o prazer precisa ser estimulado e não forçado.

SOCIOLOGIA

Eu tive apenas um ano de sociologia. Sociologia é importante? Sim. Saber que Marx e sua doutrina comunista sem eficácia existiram é uma das informações importantes no mundo. Estudar com Weber a forma como a religião influencia a política desde sempre é importante, na medida em que precisamos separá-las (RS), mas nada disso dita a melhor ou pior formação de uma pessoa.

A educação na formação do indivíduo é algo tão complexo que merecia uma enciclopédia, mas neste simples artigo, me detenho a dizer que todas essas informações podem ser adquiridas mediante leitura (no tempo livre), como tantas outras que não caberão na grade escolar.

O que me chama a atenção especificamente quanto a esta disciplina é que, historicamente, ela tem sido usada no ensino público, como lavagem cerebral da esquerda. Coincidentemente, os alunos só aprendem que existiu uma pessoa chamada Marx, com ideias de igualdade social, do que ninguém discorda, mas que na prática precisa ser bem mais elaborada e, na falta de mais conhecimento (geralmente suprimido propositadamente), os jovens desavisados saem bradando contra o capitalismo e a “meritocracia”, sem um único argumento concreto de implantação efetiva da teoria igualitária pela qual se apaixonaram.

Se a disciplina for bem ministrada, claro que pode ser mais uma fonte de conhecimento (e não distorção) MAS, isso não a coloca como indispensável ao bom desenvolvimento do aluno.

EDUCAÇÃO FÍSICA e ARTES “FACULTATIVAS”

Primeiro, cabe explicar o significado de “facultativo”, porque na ânsia de criticar, esquerdistas estudados estão com dificuldade de processar a informação. Os alunos que QUISEREM fazer educação física e artes terão essa OPÇÃO, mas aqueles que quiserem se dedicar a outro estudo durante estas aulas, terão essa faculdade.

Queridos, sem hipocrisia, alguém acha que atividade física contribui para um profissional mais habilitado? Entendam, não sou contra esportes, mas acho que empregar o tempo escolar em atividades intelectuais será bem mais interessante para a evolução de cada um.

Sobre artes, sou a pessoa mais suspeita para falar, pois sempre AMEI educação artística na escola. Pra ilustrar, tenho uma galeria de quadros em casa, dispostos de acordo com a linha do tempo da história da arte. MAS, sem hipocrisia, o gosto pela arte é muito subjetivo e certamente pode ser alcançado de forma extracurricular, sem afetar a capacidade de raciocínio de ninguém.

De toda forma, cabe lembrar que essa faculdade é apenas no ensino médio, pois no fundamental continua sendo obrigatória (ou seja, ninguém vai esquecer quem é a Monalisa).

LINGUA ESTRANGEIRA

Antes era apenas uma obrigatória (sem critério, qualquer uma), agora o INGLÊS é obrigatório (decisão óbvia, considerando que é a língua padrão mundial), além de MAIS UMA língua, preferencialmente o espanhol (os esquerdistas poderiam dizer que estamos facilitando o entendimento dos jovens brasileiros, de todas as asneiras que seu querido Maduro diz, mas isso eles não ressaltam).

VESTIBULAR

Antes podiam perguntar qualquer coisa na prova. Com a mudança, só cabe questionar aquilo que está na grade de estudos (mas, a esquerda não gosta de coerência, né?).

ÊNFASE EM ÁREAS

A princípio, o aluno poderá escolher entre cinco grandes áreas que tenha mais interesse para seu futuro profissional (linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou formação técnica e profissional), para que ESTUDE MAIS sobre elas... Isso não significa que deixará de aprender as demais, apenas que terá a oportunidade de aprender mais sobre aquilo que gosta mais.

Claro que isso não agrada a esquerda, que tem como ideologia retirar a capacidade de escolha, assim não haverá distinção entre pessoas, certo? A única distinção em regimes de esquerda costuma ser a incrível ascensão dos governantes, diferente da população padronizada.


Concluindo.

O governo atual tenta consertar ANOS de péssimos resultados da educação brasileira, relatados por organizações internacionais.

Os estudos relatam que em 14 anos de governo de esquerda no Brasil, a educação foi um dos setores mais negligenciados (talvez porque quem não pensa, não vota direito?).   


Só peço a você, que tem ideologias esquerdistas, mas entende que a educação é fundamental para a formação de um bom ser humano, antes de manchar ainda mais a esquerda com argumentos tão pobres, no simples intuito de criticar, por favor, pense na decadência moral que seus pares estão sofrendo e tente, ao menos, manter a dignidade do silêncio, quando nada mais lhe resta.

domingo, 26 de junho de 2016

ESTUDO BÍBLICO DOMINICAL

A maioria das pessoas que conheço são religiosas de alguma forma.

Eu entendo que a maioria dos religiosos atuais não é fundamentalista. Ou seja, a maioria segue uma religião simplesmente porque entendem que ela lhes traz alguma paz, na medida em que traz respostas para os maiores medos humanos: a morte e a vida (sim, a infeliz base biológica do ser humano é o medo, não só da morte, mas da vida também). Quanto à morte, sua religião conforta, dizendo que ela não é o fim. Quanto à vida, sua religião conforta, dizendo que tudo de errado que acontece, está nos planos do seu deus e, portanto, você não precisa se preocupar.

Eu entendo tudo isso.

A interpretação contemporânea da bíblia (tomo ela como exemplo porque, no meio acidental, é a mais conhecida), permite conviver com a evolução social e científica do feminismo, do darwinismo, da liberdade de gênero. A maioria das pessoas religiosas, hoje, adapta o que está escrito para conseguir continuar seguindo este livro, ainda nos dias atuais.

MAS, o livro continua sendo o mesmo e eu costumo fazer o seguinte exercício mental:

Se um dia, o seu filho decidir que a bíblia deve ser lida na exata forma como ela foi escrita, pois a palavra de deus não comporta interpretação, você poderá se opor a isso?
Você, que tenta manter a adoração a este livro, de forma mais razoável, mais atual, sem “levantar a espada” contra quem pensa diferente, poderá repreender seu filho se ele decidir que a palavra de deus manda tocar fogo no primo que namorou a filha e a sogra (Levítico 20:14)? Ou poderá você repreender seu filho se ele matar o amiguinho homossexual, simplesmente porque deus mandou (Levítico 20:13) (Para não ficar só no Velho Testamento - Romanos 1:32)? CALMA, eu sei que você não faz nada disso porque “não é bem assim” e sua interpretação da bíblia é atual... MAS, se seu filho ou mesmo seu vizinho decidir que a bíblia deve ser seguida à risca, como já foi em outras épocas e como ainda é por outras pessoas, poderá você repreendê-lo? 

É por isso, meus amigos, que não os recrimino na sua religiosidade atualizada, mas continuo me preocupando com a disseminação dessa base religiosa que, na sua essência, sem modificações interpretativas convenientes, sempre foi  e continua sendo misógina, separatista, violenta...


O mundo atual não pode ficar à mercê das interpretações brandas dos textos religiosos, quando eles são, à toda evidência, contrários à civilização igualitária em direitos que construímos (e ainda tentamos construir). Por isso, meus amigos, embora eu agradeça a sua interpretação branda do seu texto religioso, não posso fechar os olhos ao perigo que ele oferece, caso resolvam interpretá-lo literalmente de novo. 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sobre a cuspida de Jean Wyllys em Bolsonaro

Quem acha que o episódio se resume ao simples cuspir que pudemos ver, está profundamente enganado. Não há como entender o ocorrido, sem analisar as figuras polêmicas envolvidas.


De um lado, Jean Wyllis, como era de se esperar, tem atuação política predominantemente na defesa de LGBTs, com projetos de lei autorizando retificação do registro civil em razão de identidade de gênero; casamento entre pessoas do mesmo sexo... Tudo dentro da lógica de qualquer pessoa isenta de preconceitos religiosos.

Sobre o projeto de lei 7270/14, é só mais um que tenta regular o uso da maconha, que na prática é liberada na sociedade. Se deve legalizar ou não, o assunto é complexo e não nasceu com ele. Longe disso.

Atacá-lo pelo Projeto de lei 4211/12 é de extrema hipocrisia, pois apenas tenta resguardar as prostitutas (cuja escolha de vida não me cabe julgar, desde que não façam mal a ninguém - embora estejam fazendo a elas mesmas). O projeto restringe-se a pessoas maiores de idade e protege contra o explorador sexual (cafetão) e contra violência.

Sobre o PL 7633/14 eu já fiz um post no blog ( http://vanessa-fagundes.blogspot.com.br/2014/08/pelo-direito-de-escolha-da-cesarea.html?m=1) e tenho completa aversão, uma vez que tenta restringir o direito da cesárea para a parturiente. O corpo é da mulher e só ela deve decidir como realizar o parto.

O PL 882/15 é o que mais respeito, pois regulamenta a interrupção voluntária da gravidez na rede pública e privada. Combate igualmente a hipocrisia ao proteger as inúmeras grávidas que morrem ou pegam infecções ao abortar em condições insalubres (geralmente pobres, pois as "ricas" têm pleno acesso ao aborto seguro que também é liberado na sociedade real). Há vários textos inteligentíssimos sobre o tema (recomendo Drauzio Varela). É preciso discutir esses assuntos de forma racional e separar a religião do Estado definitivamente.


Do outro lado, Jair Bolsonaro é um militar com repetidas declarações e atitudes machistas (alguém lembra da frase: “só não te estupro porque você não merece”?), homofóbico dos mais ignorantes (“prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí"), racista, violento e tantos outros péssimos adjetivos que aqui cansariam os olhos.

Ao votar na Câmara, Bolsonaro cita o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra como um herói, sendo que na realidade foi o primeiro militar condenado pela Justiça como torturador na ditadura militar. Todos sabemos que a ditadura militar no Brasil lutava contra o comunismo, contra o qual também lutamos hoje, mas os fins não justificam os meios e tortura sempre será crime.

Jean Wyllys, embora com ideais políticos medíocres de comunismo, geralmente busca apenas defender os mais fracos.

Bolsonaro, embora politicamente de direita, pautou sua vida em ações violentas contra minorias e contra tudo que sua religião afirma ser proibido.

Jean afirma que ao passar por Bolsonaro foi insultado com palavras de “boiola”, “viado”, o que fica fácil de acreditar, vindo de quem veio...


Considerando o contexto e a história de cada um, o cuspe na cara significou um grito honesto contra tudo de ruim que Bolsonaro representa.


Quer saber, FOI POUCO!


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Adoro um "tapa na cara" intelectual!

Hoje passei por uma dessas situações que adoro! Ver que algo em que eu acreditava não é verdade. Esses “tapas na cara” são ótimos para estimular o raciocínio.

Tenho a ATEA no face (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) e já compartilhei vários posts deles. Infelizmente me deparei com um post calunioso em relação à figura do papa (líder religioso que não defendo, não sigo e apenas admiro esporadicamente), então fiz meu comentário repudiando o post intelectualmente, o que criou um “rebú” histórico naquela página, com 2/3 de likes no meu coment, comparado aos likes do post deles (e crescendo!)... a ponto de a página responder ao meu coment em outro post falando que “se não gostou dislike”.

Isso me fez pensar em como a arrogância pode cegar as pessoas mais brilhantes. Respeito a ATEA como um grupo que luta contra as atrocidades religiosas, MAS acho que como uma das maiores páginas de ateísmo do facebook deveriam tomar mais cuidado com o tipo de imagem que passam, especialmente aos “indecisos” que poderiam tomar gosto pelo raciocínio, mas por conta de ataques arrogantes podem acabar se perdendo para a religião e deixando que outros pensem por eles.

No estatuto social da ATEA vemos o objetivo de “divulgação científica” ao que pouco se presta nos últimos tempos, substituído por chacotas de mau gosto que não estimulam o raciocínio, servindo apenas para afastar possíveis adeptos e difamar os livres pensadores de um modo geral.

Entre os seguidores vejo “crianças intelectuais” assumindo uma identidade de ateus simplesmente para radicalizar. Não entendem que o ateísmo e o agnosticismo tem a ver com “pensar fora da caixinha”, questionar o que tomam como verdade e estar ciente de que ninguém é dono dela, nem mesmo aquele que duvida.

Ser agnóstica pra mim é motivo de orgulho, porque representa uma vida independente de crenças alheias (mesmo que vc pense que sua religião é sua, ela foi insculpida na sua cabeça por seus pais, avós, padre/pastor), uma vida de liberdade de pensamento, mas NUNCA uma vida de ataque a outra pessoa simplesmente por pensar diferente de mim.

Claro que por ser livre pensadora, acabo ofendendo aqueles que não admitem quem pensa diferente deles, mas com esses não me importo, porque sempre serão vítimas de seus próprios preconceitos.

Não gosto de ver pseudo intelectuais agindo em nome de todos os ateus/agnósticos com o único objetivo de caluniar, ofender, ridicularizar, sem qualquer acréscimo intelectual.

Me irritam ateus que agem com maldade só para se diferenciar dos pseudo-santos religiosos... ninguém é inteiramente bom ou mau e assumir uma identidade má, desrespeitosa, cruel só para se firmar contra a religião é estupidez. Tanta estupidez quanto virar adorador do “diabo” só porque ele é o “inimigo dos crentes”. Não somos maus por sermos ateus/agnósticos e não devemos fazer os outros acreditarem nisso. Somos amigos da razão, somente isso. Somos aqueles que ponderam, duvidam, buscam por respostas que não nos foram dadas em troco de dízimo.


Por isso, a ATEA e nenhuma outra associação jamais me representará. Eu penso sozinha e continuarei assim.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

PRECISA-SE DE NOVA REVOLUÇÃO FEMINISTA - URGENTE

Nos últimos tempos, os legisladores deste país tentam agir como se donos fossem dos corpos das mulheres e pudessem decidir, por elas, qual procedimento adotar por ocasião do nascimento de seus filhos.

Espalham notícias de que a cesárea faz mal à mulher e ao feto (falácia desmentida por inúmeros estudos e médicos) e tentam impor o parto natural, como se ele também não pudesse trazer prejuízo à mulher e ao feto (ruptura da musculatura uterina; bexiga caída; prolapso de órgãos pélvicos; o bebê pode ser prejudicado durante um fórceps ou ter sofrimento fetal – quando os médicos não percebem que o feto já está morrendo de tanto esperar para nascer “naturalmente”).

Tomando por exemplo um país desenvolvido, na Suíça as cesáreas representam 1/3 dos nascimentos e estão aumentando. O médico diz que “a situação é um reflexo da nossa civilização, da necessidade de segurança e controle, do desejo de planejar o trabalho e a vida familiar e - por último, mas não menos importante - da independência das mulheres. ‘Cesarianas seguras são possíveis graças aos avanços médicos e elas são um conforto que estamos prontos a pagar’".

O governo suíço encomendou um estudo para analisar a questão, mas acabou declarando em fevereiro que as causas e efeitos não podem ser avaliadas de forma conclusiva por causa de interações complexas. (http://www.swissinfo.ch/por/obstetr%C3%ADcia_parteiras-su%C3%AD%C3%A7as-descontentes-com-cesarianas/35738202)

É certo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) em um congresso realizado em Fortaleza (sim, a palhaçada obviamente veio daqui) chegou à conclusão (infundada) de que a taxa de cesárea deve limitar-se a 15% da população (?!). Mas, a própria OMS admite que não há estudos conclusivos sobre os benefícios de NÃO se realizar a cesárea.  (http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/161442/3/WHO_RHR_15.02_por.pdf)

O engano ocorre quando se considera o índice de mortalidade na cesárea, minimamente superior ao parto natural, sem observar que em muitos casos de cesárea, os riscos de mortalidade são pré-existentes, daí porque se optou pela cesárea, para tentar salvar mãe ou bebê.

Por causa de interpretações mal feitas, originadas no tal congresso, o Brasil (como autêntico país hipócrita e mesquinho) tira vantagem para favorecer interesses obscuros.

A desconfiança de que o SUS quer desonerar seu cofres, deixando de realizar cesáreas é indiscutível. Agora, além do SUS, querem desonerar os planos médicos particulares, obrigando a uma “taxa de cesária máxima” permitida no país.

A questão que se impõe é “tem o Governo o direito de decidir como a mulher cuida do seu corpo?”

Ainda que se diga tratar-se não apenas do corpo da mulher, mas da vida do feto, repito a pergunta: “tem o Governo o direito de decidir como a mulher cuida da sua prole?” Sim, porque as decisões que ela toma, desde a concepção, já dizem respeito à criação do próprio filho. Os riscos que ela assume (seja escolhendo a cesárea ou o parto natural – ambos com sua dose de perigo), são intrínsecos do poder familiar.

Se respeitamos a escolha de certos pais, que proíbem transfusão de sangue nos filhos, por motivos meramente religiosos, porque não respeitaríamos a mulher que deseja parir por cesárea?

Sabemos que o Brasil é um país que tende ao paternalismo, no sentido de decidir pelos cidadãos como eles devem agir, em qualquer setor da vida. Decidem, por nós, que não somos capazes de portar armas porque podemos ferir uns aos outros (enquanto isso, não conseguem evitar que os bandidos as portem e matem o cidadão de bem, desprotegido); decidem, por nós, que podemos sobreviver com “bolsa isso”, “bolsa aquilo” ao invés de gerarem educação/emprego para que possamos ganhar o quanto quisermos ou pudermos; decidem, por nós mulheres, que não podemos fazer cesárea porque parto natural é melhor (baseado em estudos contraditórios e uma filosofia mesquinha de economia que não se diz abertamente); decidem, por nós, que a mulher que não deseja ter filho e teve a infelicidade de estourar a camisinha na transa, agora não pode ter acesso à pílula do dia seguinte, porque isso é aborto (baseado em filosofia religiosa altamente controversa, presente num estado TEORICAMENTE LAICO).

Até quando vamos deixar que mandem em nossas vidas, com intenções egoístas e até filosóficas das quais potencialmente discordamos?

O art. 226, § 7º da Constituição Federal diz que “Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.”

Esse artigo, somente, seria suficiente para impedir qualquer projeto de lei tendente a abolir o direito da mulher de planejar seu próprio parto, da maneira como melhor lhe convier e, mais, sendo DEVER do Estado propiciar os recursos científicos necessários para a realização da cesárea, caso seja essa a opção da mulher.

Mulheres, vamos tomar as rédeas de nossas vidas!

Não vamos deixar que a sociedade nos oprima novamente, de maneira sórdida, fazendo com que acreditemos que a opressão é para o nosso próprio bem!